Resiliência: A Ductilidade do Ser Humano

Ciro Mendonça da Conceição, ex-diretor regional de operações de uma grande companhia brasileira de telecomunicações, costumava dizer que “para trabalhar no ambiente empresarial moderno, o profissional precisa ser mais que flexível. Ele precisa ser dúctil”. A ductilidade é a capacidade de determinados materiais sólidos sofrerem permanentes mudanças de forma sem quebrar.  O cobre, por exemplo, pode sofrer deformação plástica sem rotura nem fissuração. Tal deformação tem o nome de plástica, em contraposição à deformação elástica, característica dos materiais flexíveis como o náilon, que vergam, mas voltam à sua condição original.

Com o ser humano não é diferente: Existem as pessoas inflexíveis, que não se curvam a nenhuma outra posição ou composição; aquelas flexíveis, que aceitam atuar fora de suas zonas de conforto durante um certo tempo, retornando à sua maneira original terminado o período compromissado; e aquelas que se moldam com alguma facilidade aos diversos ambientes e situações que a vida lhes oferece. Estas pessoas, com estas características relacionais dúcteis são chamadas de resilientes.

Resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade do indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas, choque, estresse etc., sem entrar em surto psicológico. As características de um indivíduo resiliente, segundo Flach (1991), incluem:

– Um forte sentido de autoestima;

– Independência de pensamento e ação;

– Habilidade de dar e receber nas relações com os outros;

– Um bem estabelecido círculo de amigos pessoais, que inclua um ou mais amigos que servem de confidentes;

– Um alto grau de disciplina pessoal e um sentido de responsabilidade;

– Reconhecimento e desenvolvimento de seus próprios talentos;

– Mente aberta e receptiva a novas idéias;

– Grande variedade de interesses;

– Apurado senso de humor;

– Percepção dos próprios sentimentos e dos sentimentos dos outros, e capacidade de comunicar esses sentimentos de forma adequada;

– Grande tolerância ao sofrimento;

– Grande capacidade de concentração;

– Um compromisso com a vida;

– Um contexto filosófico no qual as experiências pessoais possam ser interpretadas com significado e esperança;

– Alto grau de criatividade.

Hoje em dia, as empresas estão procurando profissionais que tenham características resilientes: que tenham força, capacidade e sabedoria para enfrentar os problemas à sua volta de forma a buscar a melhor solução sem desespero ou excessos. Mas porque as empresas cobiçam este tipo de profissional? O conceito de resiliência ultrapassou as fronteiras do individual e começa a aparecer no coletivo: As empresas resilientes. Este tipo de empresa possui alta capacidade de mutação de acordo com as necessidades do mercado, adequando sua estrutura, seja ela física, financeira, de recursos humanos, etc., para atender necessidades do mercado e demandas específicas dos clientes. Para tornar uma empresa resiliente é preciso ter profissionais com estas características, que entendam a necessidade de adaptação às condições mutantes do mercado, que hoje é influenciado, não só pela cultura local, mas por todos os potenciais clientes da aldeia global.

Mas e os profissionais que não possuem estas características, podem aprendê-las? A professora Rita Alonso, em um artigo sobre estresses pós-traumáticos ocasionados por tragédias e desastres, aponta a correlação entre resiliência e espontaneidade, destacando a importância do psicodrama no treino da espontaneidade, favorecendo as pessoas a serem mais resilientes.

Em conclusão, Ciro Mendonça tinha razão em seu princípio da necessidade da ductilidade humana nas empresas, ou seja, da resiliência emocional, que pode e deve ser perseguida e desenvolvida pelos interessados em participar deste novo tipo de empresa que se anuncia para ocupar um lugar de destaque no mercado, num futuro próximo.

Para saber mais sobre o tema visite o blog Para Ler, Refletir e Relaxar em http://blogwgs.tumblr.com

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