por Ruy Motta
“Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que poderíamos ter sido. Ah, se apenas tivéssemos acertado aquele número (unzinho e eu ganhava a sena acumulada), topado aquele emprego, completado aquele curso, chegado antes, chegado depois, dito sim, dito não, ido pra Londrina, casado com a Doralice, feito aquele teste…”.
Luiz Fernando Veríssimo
Com este texto Luiz Fernando Veríssimo inicia “Versões” no qual uma pessoa, em um bar imaginário, confronta-se com vários dos seus outros “eu”, o que teria sido, se houvesse tomado decisões anteriores diferentes.
Este texto nos leva a pensar sobre quantas vezes nos questionamos porque não tomamos uma decisão diferente no passado. Ah se arrependimento matasse…
É fácil dizer, depois de algum tempo, que determinada decisão não foi a mais correta e tenha se transformado naquela que não deveríamos ter seguido.
Mas quem disse que outra decisão seria a correta? Talvez tivesse também dado errado.
Este tipo de pensamento é completamente inútil e não deve ocupar a nossa mente. Não tente adivinhar o que teria acontecido. Não há meios de o saber. Apenas supor não significa que teria acontecido da maneira como pensamos.
Como disse Cazuza: “O tempo não para”.
Temos que seguir adiante sem olhar para trás com arrependimento, frustações ou raiva de nós mesmos. O tempo não volta atrás para que tenhamos nova oportunidade de decisão. Já aconteceu e pertence ao passado.
Prender-se ao passado só gera perda de tempo e angústia no presente. O passado já foi e não volta mais. Lembranças boas e más são apenas recordações. O futuro até podemos imaginar, mas ainda não sabemos se ele será da forma imaginada.
O presente é o nosso momento, nosso agora. O que fazer então? Decidir novamente com a realidade do agora.
Não há outra escolha.
As decisões continuarão a se suceder e a vida seguirá o rumo normalmente. Decisões serão certas ou erradas e farão parte da nossa experiência.
Existe uma tirinha circulando na internet que retrata bem a questão das más escolhas. É um discípulo dialogando com seu mestre:
Discípulo: – Mestre, como faço para me tornar sábio?
Mestre: – Boas escolhas
Discípulo: – Mas como fazer boas escolhas?
Mestre: – Experiência.
Discípulo: – E como adquirir experiência?
Mestre: – Más escolhas.
O caminho é este. Boas ou más escolhas ficam no passado e não voltam mais. Siga em frente sem fixar-se com remorso no passado.
No mínimo você ganhou mais experiência.
Referências:
VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Em Algum Lugar do Paraíso. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011
BRANDÃO, Arnaldo; e ARAÚJO NETO, Agenor de Miranda*. O Tempo não Para. Rio de Janeiro: Gravadora Polygram, Universal Music, 1988.
*Nome artístico: CAZUZA.