por Walther Krause
Partes interessadas no projeto são pessoas e organizações ativamente envolvidas no projeto ou cujos interesses podem ser impactados como resultado da execução ou do produto do projeto. Eles podem também exercer influência sobre os objetivos e resultados do projeto. A equipe de gerenciamento de projetos precisa identificar as partes interessadas, determinar suas necessidades e expectativas e, na medida do possível, gerenciar sua influência em relação aos requisitos para garantir um projeto bem-sucedido.
As partes interessadas podem ter uma influência positiva ou negativa em um projeto. Partes interessadas positivas são as que normalmente se beneficiariam de um resultado do projeto, enquanto partes interessadas negativas são as que enxergam resultados negativos a partir do resultado do projeto. Por exemplo, líderes de negócios de uma comunidade que se beneficiará de um projeto de expansão industrial enxergam benefícios econômicos para a comunidade a partir do sucesso do projeto. Grupos ambientais podem combater o projeto se considerarem que o projeto prejudica o meio ambiente. No caso das partes interessadas positivas, seus interesses serão atendidos da melhor forma possível se ajudarem o projeto a ter sucesso, por exemplo, ajudando o projeto a obter as permissões necessárias para prosseguir. Os interesses das partes interessadas negativas seriam atendidos de melhor forma se impedissem o progresso do projeto exigindo análises ambientais mais abrangentes. Não se devem negligenciar as partes interessadas negativas, pois corre o risco de não conseguir levar os projetos a um final bem-sucedido. As Partes Interessadas positivas podem alavancar o sucesso do projeto.
Alguns exemplos de Partes Interessadas influenciando os projetos:
“O Ministério Pública Federal (MPF) apura o impacto da construção do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro na Reserva Biológica do Tinguá, no município de Nova Iguaçu, e na Floresta Nacional Márcio Xavier, em Seropédica.Segundo a promotoria, a obra poderá ocasionar a destruição do hábitat do último fragmento de área de vida disponível para a rã Physalaemus soaresi e para o peixe Notholebias minimus, espécie também em extinção”. Fonte: www.terra.com.br (sustentabilidade) – 09 de outubro de 2012.
“A Justiça Federal, em Altamira, Pará, determinou reforço na segurança de bens e de pessoas presentes na área invadida por índios e ativistas de movimentos sociais. A área invadida é parte do Sítio Pimental, da Usina Hidrelétrica Belo Monte e os manifestantes chegaram ao local na noite de segunda-feira (8/10) e permanecem nesta quarta-feira (10/10). Por precaução, as obras foram paralisadas neste ponto do empreendimento.
A decisão judicial foi dada em resposta a ação apresentada pela Norte Energia e pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) para reintegração de posse da área ocupada. Na ação, a empresa responsável pelo empreendimento e o consórcio de construtoras contratado para executar o projeto alertam sobre a grande quantidade de veículos pesados e de materiais que podem ser depredados. Há ainda, no local, um paiol de explosivos que pode colocar em risco a vida de pessoas não habilitadas a manuseá-los.”Fonte: http://www.blogbelomonte.com.br/ – 10 outubro 2012
A maioria das organizações devem abordar as partes interessadas de forma completa, não concentrando suas preocupações nos envolvidos mais imediatos como, por exemplo, usuários, patrocinadores e equipe do projeto. Essa limitação pode ser fator muito importante no sucesso ou fracasso do projeto. A recomendação é para abranger mais partes interessadas externas à organização como órgãos governamentais, reguladores e a sociedade civil.
É importante que o gerente de projetos conheça detalhadamente as Partes Interessadas. Para minimizar uma possível falta de entendimento, deve ser feito um levantamento de expectativas com todos as Partes Interessadas do projeto. Algumas questões devem ser tratadas como o que se esperado do projeto, no ponto de vista positivo e negativo, como as informações podem ser tratadas entre as partes, que ações devem ser realizadas para o atendimento das expectativas em relação ao projeto, etc.
O processo de gerenciamento de interessados é constituído por 6 atividades básicas. Inicie o processo de identificação de interessados tendo em mente que este é um processo interativo. Para evitar esquecer interessados importantes reveja os resultados frequentemente. Tenha a noção que, a importância e influência de cada interessado ou grupo de interessados pode variar ao longo do ciclo de vida do projeto.
- Criar lista inicial de interessados
- Identificar os Interesses e expectativas individuais
- Avaliar o grau de poder e interesse
- Avaliar os Riscos que Representa ao Projeto
- Determinar o tipo de participação de cada interessado
- Preparar estratégia de gerenciamento das partes interessadas
A nova Norma ABNT ISO 21500 Orientação sobre o Gerenciamento de Projetos, publicada em setembro de 2012, introduziu uma nova área de conhecimento: Partes Interessadas. Esta novidade foi o resultado de 5 anos de discussão com vários especialistas de 35 países que desenvolveram esta norma, aprovada formalmente pelas entidades nacionais de normas técnicas, dos respectivos países.
O tema já era tratado nas versões anteriores do PMBOK®, padrão do Project Management Institute e maior referência mundial das melhores práticas em gerenciamento de projetos, mas ganhou relevância recentemente. Seguindo o mesmo caminho da Norma ABNT ISO 21500, a nova versão do PMBOK® traz a décima área do conhecimento – Partes Interessadas. Espera-se, com isso, melhorar as chances de sucesso dos projetos, colocando todas, ou pelo menos a maioria, das Partes Interessadas trabalhando positivamente para o sucesso dos projetos.
Referências
ABNT ISO 21500:2012 – Orientação sobre o Gerenciamento de Projetos, ABNT, 2012.
PMBOK® – Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos Quarta edição, PMI, 2008.
Varella, L. – Aprimorando competências de Gerente de Projeto – O Sucesso do Desempenho Gerencial, Brasport, Rio de Janeiro, 2010.
Freeman, R. Edward – Strategic Management: A Stakeholder Approach, Cambridge University Press, London, 2010.
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