A Saída de um Veterano

Luiz Angelo Grisolia, ex-gerente de uma grande empresa brasileira de Telecom, ao comentar um artigo lido sobre a entrada de um novato em uma companhia, lembrou-se da saída dos veteranos das empresas onde trabalhou e comentou: “…a organização deveria se preocupar na reposição de mão de obra oficializando um processo de saída da empresa, onde o empregado experiente que queira sair deveria, sob contrato, repassar toda a sua experiência para os novatos…”. Em verdade, a saída de um veterano é tão traumática quanto a chegada de um novato. De um modo geral, as empresas não estão preparadas para perder seus melhores recursos e muitas delas não colocam atenção no tempo de casa de cada um de seus colaboradores experientes nem em suas intenções quanto à aposentadoria. Há uma falsa premissa de que todos desejam continuar na empresa pelo máximo tempo possível, uma vez que passaram boa parte de suas vidas na organização. Entretanto, muitos funcionários sabem que existe vida profissional após a aposentadoria, e hoje em dia, com o aumento mundial da longevidade, muita gente cria sua segunda encarnação profissional na academia, nas consultorias, nas ONG e nos serviços sociais, na elaboração de um livro, num pequeno negócio ou em pequenos projetos pessoais.

Tanto do ponto de vista do empregado quanto da empresa, estas saídas podem acontecer de duas formas: De maneira consciente e tranquila ou sendo sentida com grande intensidade tanto pelo profissional que diminui de forma drástica seu ritmo de vida podendo ocasionar doenças psicossomáticas, como pela empresa que perde seus principais recursos instantaneamente sem ter uma reposição compatível com a necessidade do posto de trabalho. Para que as saídas sejam conscientes e tranquilas, sem serem muito sentidas pela empresa ou pelo empregado, alguns passos se fazem necessários:

ANTES DA ÉPOCA DE APOSENTADORIA

Passo 1: Reuniões periódicas entre o RH e os aposentáveis nos próximos três anos deveriam ser uma constante nas empresas. Uma pergunta básica deveria ser feita pelo RH aos aposentáveis: O que você gostaria de fazer após a aposentadoria? Esta pergunta visa, no mínimo, fazê-lo pensar com tranquilidade sobre a aposentadoria, e no máximo ajudá-lo na elaboração e concretização de um planejamento de vida profissional na melhor idade;

Passo 2: Uma orientação psicológica e financeira também são duas atividades que poderiam ser facilitadas pela empresa para o possível postulante a aposentadoria;

Passo 3: Quando configurar-se uma real próxima aposentadoria por desejo do profissional, um novato deveria ser contratado como trainee nas atividades desempenhadas pelo veterano, para ser uma espécie de assistente do primeiro, mesmo criando uma situação provisória de “sobrequadro” na empresa, visando a preparação do novo recurso pelo próprio empregado experiente;

DURANTE O PROCESSO DE APOSENTADORIA

Passo 4: O RH deve procurar entender se as aptidões do veterano podem levá-lo a ser útil à empresa após a aposentadoria. Por exemplo, se ele possui uma competência que pode transformá-lo em consultor da empresa por algum tempo;

Passo 5: A empresa deve disponibilizar ferramentas de assessoria ao veterano, como a área jurídica e de contabilidade da empresa para quem quer abrir uma pessoa jurídica, ou a área de treinamento e desenvolvimento e a biblioteca da empresa para quem quer ingressar na academia. Estas atitudes podem garantir à empresa uma possível ajuda do ex-funcionário em sua nova atividade profissional para suprir alguma demanda futura da companhia;

Passo 6: Uma cerimônia ou comemoração que marque a saída do empregado: Um ritual de agradecimento e valorização da pessoa que tanto contribuiu para a organização, incentivando sua nova atividade pós aposentadoria com um presente relacionado à ela, produz um efeito renovador no veterano, de fechamento de um ciclo e de abertura do próximo, além de passar ao novato, que vem acompanhando o veterano nos últimos tempos, um orgulho de fazer parte de uma organização que verdadeiramente reconhece o valor dos seus membros;

APÓS O PROCESSO DE APOSENTADORIA

Passo 7: Manter viva durante um tempo a memória do ex-colaborador aposentado, através de convites para as festividades de aniversário da empresa ou para um almoço informal junto com seus companheiros de trabalho no dia do seu aniversário, reforça o laço de respeito e camaradagem entre o quadro da empresa e o ex-empregado, podendo ser útil à organização numa eventual necessidade de utilização das competências do veterano, seja em sua nova atividade, seja em uma situação de emergência da empresa;

Passo 8: Os planos de saúde da empresa, que tanto serviram ao empregado e sua família durante sua permanência na companhia, poderiam ser oferecidos ao aposentado como uma opção aos planos de saúde comerciais, a preços justos, trazendo para a empresa um volume de participantes no seu plano que poderia ser útil numa negociação de valores junto às entidades prestadoras deste tipo de serviço.

Em resumo, é muito fácil liberar um veterano sem a menor cerimônia ou preocupação, sob a alegação de que o mercado está repleto de mão-de-obra preparada para ocupar qualquer função nas empresas. Contudo, neste caso há duas reflexões fundamentais a serem feitas: O exemplo que for passado no tratamento de um veterano servirá de base para o grau de comprometimento de um novato com a organização; afinal, ele será veterano um dia. Por outro lado, os maiores vendedores da imagem e dos produtos de uma empresa são seus empregados, estejam ou não na ativa, pois podem e querem falar com propriedade e conhecimento sobre a empresa em que trabalham ou trabalharam. Fica a cargo da empresa o desejo de ter cada vez mais aliados ou críticos.

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Um comentário

  1. Muito bom o artigo, do Luis Angelo Grisolia, comentando sobre a saida de um veterano.Um forte abraço ao Amigo no dia do Amigo.
    Ass.José Antonio de Oliveira(PUC)

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